segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Empreendedora in the Making - Quando já Não há Desculpas para Não Mudar de Vida

Olá.

Continuando nesta rubrica Empreendedora in the Making, relembro que no artigo anterior os meus planos de empreendedorismo ficaram em suspenso para lidar com a tragédia da minha mãe ter falecido de forma rápida e inesperada. Mas quando o espírito empreendedor está dentro de nós e não estamos satisfeitos com o rumo da nossa vida, então não há maneira de fugir e deixam de existir desculpas. E é isto que pretendo explicar neste artigo que foi escrito num daqueles dias em que só queres "atirar a toalha ao chão". Daí o tom de revolta deste post, era importante contextualizar. Há dias assim:

Conhecem a sensação de estarem presos no vosso trabalho? De após alguns anos a rotina se ter instalado? De conhecerem já suficientemente bem a cultura daquela empresa e departamento e saberem com todas as certezas que não há mais espaço para crescer/desenvolver? Estão familiarizados com um aumento excessivo de trabalho e exigências e de não terem os recursos para dar conta do recado? Sabem o que é trabalhar até às 23h30? Sabem o que é não conseguir ter tempo para almoçar?

Eu sei, assim como tantos outros trabalhadores portugueses. O mundo do trabalho é uma selva. Não há abébias.

Um certo dia li um artigo do Linkedin: "Quando eu deixei de esperar a sexta-feira", que me fez repensar a minha situação.  Sim, a minha situação laboral estava complicada, mas talvez eu pudesse mudar o meu modo de ver as coisas, de mudar o meu mindset, porque também tinha consciência que o conformismo se tinha instalado, que já não vestia mais a camisola da empresa, que acordar de manhã para ir trabalhar se tinha tornado um suplício. Então, e se eu me esforçasse para voltar a vestir a camisola? Olhasse para os problemas como desafios e voltasse a servir os meus clientes internos (na minha área, os meus clientes são internos) com gosto e prazer de ajudar o crescimento da empresa? Tentei, e juro que cheguei a ir para o trabalho com outra atitude, mas não chegou. Quando o volume de trabalho é sobrehumano, não há pessoas que resistam.

Estava desejosa de mudar a minha vida profissional com cada vez mais força desde o último ano. Mas quando tens contas para pagar e não tens perspectivas de recolocação na tua área num meio tão pequeno como São Miguel, fica difícil.

E aí que me acontece o ano 2017. O ano mais trágico da minha vida, como já vos contei no post anterior desta rubrica, a minha mãe faleceu de forma rápida e inesperada. Sabem quando pedem a todos os santinhos por sinais para fazerem uma loucura daquelas? Como demitirem-se? Eu não podia pedir mais sinais, pois eles vieram todos de rompante, sem pedir licença, de forma violenta e para que não houvessem dúvidas.

Fiquei doente física e psicologicamente. Um problema na anca que não se resolvia nem por nada, o aparecimento de ataques de nervos no trabalho, insónias e um início de depressão. Estava a afectar todas as valências da minha vida, a minha relação com o meu companheiro, o meu trabalho com episódios de ataques de pânico causados por stress. Chegou ao ponto em que decidi pedir ajuda a uma Psiquiatra.

A consulta foi tranquilizante, pois a médica achou-me extremamente saudável e com respostas sãs a tudo o que estava a viver. Disse que era normal sentir-me como me sentia, o que eu já sabia, no entanto, tinha ido com o intuito de procurar algum tratamento para as minhas crises de ansiedade, pois mais do que nunca, com a morte da minha mãe, eu precisava de estar em condições de trabalhar. A terapêutica receitada foi muito simples, nada de anti-depressivos porque me iam tirar a clarividência, apenas um ansiolítico para a ansiedade em situações de SOS e um comprimido para dormir também em SOS. O problema é que as situações de SOS no trabalho passaram a ser todos os dias.

A par disso e como alguém me disse, a morte da minha mãe foi quase como um acontecimento cósmico na minha vida e na vida do meu irmão. Apesar das consequências imediatas constituírem uma grande fonte de ansiedade para mim (sendo a única herdeira com um rendimento, fiquei de um dia para o outro a pagar duas casas, três carros, uma dívida ao banco e a sustentar o meu irmão que tem problemas de saúde), haviam também oportunidades. Para o meu irmão, era um empurrão para "ele se fazer à vida", para mim havia a possibilidade de transformar este acontecimento tão trágico numa oportunidade para mudar a minha vida.

Não podia pedir por mais sinais para mudar rapidamente a minha vida, já não haviam desculpas. O plano foi sendo posto em prática e será relatado nos próximos posts.


2 comentários:

  1. Sigo aqui o blog há algum tempo, e tenho um especial carinho por esta rubrica “Empreendedora in the Making”, pois revejo-me em muito do que escreves aqui.

    As grandes mudanças na minha vida profissional foram-se dando em situações de crise e foram o empurrão doloroso, mas necessário, para eu decidir sair da minha zona de conforto e arriscar em busca de algo que me satisfizesse mais.

    O pior que pode acontecer é quando a situação se torna desconfortavelmente confortável. Quando não somos felizes com o que fazemos, mas pensamos “podia ser pior” e não queremos avançar com medo de que a nossa decisão nos leve para uma situação em que é mesmo pior.

    E isto aconteceu comigo. Eu saí de um emprego onde gostava do que fazia, decidi arriscar e aceitar outra proposta, avaliei mal a situação e acabei num emprego que detestava. Mas mesmo assim, foi por causa deste emprego que decidi abraçar abertamente a minha veia criativa e comecei a fazer vídeos para o YouTube, uma espécie de escape ao martírio do dia-a-dia. Acabei saindo de lá, obviamente, e arranjei outro emprego onde estou bem, mas foi de lá que saiu a minha “carreira” no YouTube.

    Se me tivesse acomodado ao primeiro emprego, será que hoje fazia vídeos? Não sei…

    Ou seja, mesmo quando o plano corre mal, encaro isto como mais um passo em direção ao tal plano que vai correr bem. E é isto que estou a ver aqui e sigo com curiosidade esta jornada, torcendo sempre para que o próximo plano seja o “tal plano” ;-)

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    1. Muito obrigada Hélder pelo teu testemunho! Estou em êxtase por teres comentado o meu blog, porque sou fã tua :) És também uma grande fonte de inspiração e obrigada pela partilha do teu percurso, pois desconhecia o que te tinha levado a ser youtuber. Quanto a mim, claro que já pensei "e se corre mal", mas esse medo é insignificante ao lado de ficar na dúvida do que pode acontecer se eu tentar. E se não der certo, tenho planos b, c e d... Obrigada mais uma vez!

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