Olá.
Continuando nesta rubrica Empreendedora in the Making, relembro que no artigo anterior os meus planos de empreendedorismo ficaram em suspenso para lidar com a tragédia da minha mãe ter falecido de forma rápida e inesperada. Mas quando o espírito empreendedor está dentro de nós e não estamos satisfeitos com o rumo da nossa vida, então não há maneira de fugir e deixam de existir desculpas. E é isto que pretendo explicar neste artigo que foi escrito num daqueles dias em que só queres "atirar a toalha ao chão". Daí o tom de revolta deste post, era importante contextualizar. Há dias assim:
Conhecem a sensação de estarem presos no vosso trabalho? De após alguns anos a rotina se ter instalado? De conhecerem já suficientemente bem a cultura daquela empresa e departamento e saberem com todas as certezas que não há mais espaço para crescer/desenvolver? Estão familiarizados com um aumento excessivo de trabalho e exigências e de não terem os recursos para dar conta do recado? Sabem o que é trabalhar até às 23h30? Sabem o que é não conseguir ter tempo para almoçar?
Conhecem a sensação de estarem presos no vosso trabalho? De após alguns anos a rotina se ter instalado? De conhecerem já suficientemente bem a cultura daquela empresa e departamento e saberem com todas as certezas que não há mais espaço para crescer/desenvolver? Estão familiarizados com um aumento excessivo de trabalho e exigências e de não terem os recursos para dar conta do recado? Sabem o que é trabalhar até às 23h30? Sabem o que é não conseguir ter tempo para almoçar?
Eu sei, assim como tantos outros trabalhadores portugueses. O mundo do trabalho é uma selva. Não há abébias.
Um certo dia li um artigo do Linkedin: "Quando eu deixei de esperar a sexta-feira", que me fez repensar a minha situação. Sim, a minha situação laboral estava complicada, mas talvez eu pudesse mudar o meu modo de ver as coisas, de mudar o meu mindset, porque também tinha consciência que o conformismo se tinha instalado, que já não vestia mais a camisola da empresa, que acordar de manhã para ir trabalhar se tinha tornado um suplício. Então, e se eu me esforçasse para voltar a vestir a camisola? Olhasse para os problemas como desafios e voltasse a servir os meus clientes internos (na minha área, os meus clientes são internos) com gosto e prazer de ajudar o crescimento da empresa? Tentei, e juro que cheguei a ir para o trabalho com outra atitude, mas não chegou. Quando o volume de trabalho é sobrehumano, não há pessoas que resistam.
Estava desejosa de mudar a minha vida profissional com cada vez mais força desde o último ano. Mas quando tens contas para pagar e não tens perspectivas de recolocação na tua área num meio tão pequeno como São Miguel, fica difícil.
E aí que me acontece o ano 2017. O ano mais trágico da minha vida, como já vos contei no post anterior desta rubrica, a minha mãe faleceu de forma rápida e inesperada. Sabem quando pedem a todos os santinhos por sinais para fazerem uma loucura daquelas? Como demitirem-se? Eu não podia pedir mais sinais, pois eles vieram todos de rompante, sem pedir licença, de forma violenta e para que não houvessem dúvidas.
Fiquei doente física e psicologicamente. Um problema na anca que não se resolvia nem por nada, o aparecimento de ataques de nervos no trabalho, insónias e um início de depressão. Estava a afectar todas as valências da minha vida, a minha relação com o meu companheiro, o meu trabalho com episódios de ataques de pânico causados por stress. Chegou ao ponto em que decidi pedir ajuda a uma Psiquiatra.
A consulta foi tranquilizante, pois a médica achou-me extremamente saudável e com respostas sãs a tudo o que estava a viver. Disse que era normal sentir-me como me sentia, o que eu já sabia, no entanto, tinha ido com o intuito de procurar algum tratamento para as minhas crises de ansiedade, pois mais do que nunca, com a morte da minha mãe, eu precisava de estar em condições de trabalhar. A terapêutica receitada foi muito simples, nada de anti-depressivos porque me iam tirar a clarividência, apenas um ansiolítico para a ansiedade em situações de SOS e um comprimido para dormir também em SOS. O problema é que as situações de SOS no trabalho passaram a ser todos os dias.
A par disso e como alguém me disse, a morte da minha mãe foi quase como um acontecimento cósmico na minha vida e na vida do meu irmão. Apesar das consequências imediatas constituírem uma grande fonte de ansiedade para mim (sendo a única herdeira com um rendimento, fiquei de um dia para o outro a pagar duas casas, três carros, uma dívida ao banco e a sustentar o meu irmão que tem problemas de saúde), haviam também oportunidades. Para o meu irmão, era um empurrão para "ele se fazer à vida", para mim havia a possibilidade de transformar este acontecimento tão trágico numa oportunidade para mudar a minha vida.
Não podia pedir por mais sinais para mudar rapidamente a minha vida, já não haviam desculpas. O plano foi sendo posto em prática e será relatado nos próximos posts.
Sigo aqui o blog há algum tempo, e tenho um especial carinho por esta rubrica “Empreendedora in the Making”, pois revejo-me em muito do que escreves aqui.
ResponderEliminarAs grandes mudanças na minha vida profissional foram-se dando em situações de crise e foram o empurrão doloroso, mas necessário, para eu decidir sair da minha zona de conforto e arriscar em busca de algo que me satisfizesse mais.
O pior que pode acontecer é quando a situação se torna desconfortavelmente confortável. Quando não somos felizes com o que fazemos, mas pensamos “podia ser pior” e não queremos avançar com medo de que a nossa decisão nos leve para uma situação em que é mesmo pior.
E isto aconteceu comigo. Eu saí de um emprego onde gostava do que fazia, decidi arriscar e aceitar outra proposta, avaliei mal a situação e acabei num emprego que detestava. Mas mesmo assim, foi por causa deste emprego que decidi abraçar abertamente a minha veia criativa e comecei a fazer vídeos para o YouTube, uma espécie de escape ao martírio do dia-a-dia. Acabei saindo de lá, obviamente, e arranjei outro emprego onde estou bem, mas foi de lá que saiu a minha “carreira” no YouTube.
Se me tivesse acomodado ao primeiro emprego, será que hoje fazia vídeos? Não sei…
Ou seja, mesmo quando o plano corre mal, encaro isto como mais um passo em direção ao tal plano que vai correr bem. E é isto que estou a ver aqui e sigo com curiosidade esta jornada, torcendo sempre para que o próximo plano seja o “tal plano” ;-)
Muito obrigada Hélder pelo teu testemunho! Estou em êxtase por teres comentado o meu blog, porque sou fã tua :) És também uma grande fonte de inspiração e obrigada pela partilha do teu percurso, pois desconhecia o que te tinha levado a ser youtuber. Quanto a mim, claro que já pensei "e se corre mal", mas esse medo é insignificante ao lado de ficar na dúvida do que pode acontecer se eu tentar. E se não der certo, tenho planos b, c e d... Obrigada mais uma vez!
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